sábado, 17 de janeiro de 2009

E, porque a neve este ano também me acordou...

"- Bom dia. Quem fala? – afirmou com uma voz sonolenta, parecendo que alguém a obrigava a falar.
- Olá. São horas de acordar! – sussurrou Fiorenzo, desfrutando da bela manhã.
- És tu o asno que me acordou a estas horas? Sabes que horas são?!
- Não, por acaso, não. Tu sabes? – disse, galanteando-a.
- Também não. Mas, vou saber…ainda não são sete da manhã!
- Obrigado pela informação e, obrigada por me teres recebido tão bem…de um modo tão franco e espontâneo.
- Não quero ser fria, de modo algum…mas o que é que te levou a acordar-me a estas horas? Há uma razão, espero…
- Aposto que ainda não abriste esses olhos tão doces durante…pelo menos, três minutos, pois não? – perguntou Fiorenzo, com um peculiar bem-querer.
- Bem, se estás a referir-te aos meus olhos, eles estão bem fechadinhos para continuarem a dormir quando desligares o telefone.
- Má notícia.
- O quê? Aconteceu-te alguma coisa?
- Não vais dormir mais…pelo menos, hoje.
- Porque é que me iria sacrificar dessa maneira?
- Abre os olhos. Levanta-te da cama…eu sei que estás quentinha, mas levanta-te. É uma ordem! Vai ver como acordou Nova Iorque.
- Não me digas que acordamos noutra galáxia? – disse Carol, levantando-se e vestindo o robe.
- Eu tenho consciência que o mundo poderia ter outro fim se isso fosse verdade, mas não…temos que continuar a ter esperança…ainda bem que a esperança não é nenhuma energia não renovável!
- Meu Deus, não acredito…está lindo! – pronunciou, lentamente, Carol, colocando a mão na janela.
- Qual a tua opinião complexa acerca da brancura de Nova Iorque?
- A minha opinião, complexa, acerca desta brancura é…a melhor, se puder ir ter contigo desfrutar este dia…maravilhoso."
P.S: Excerto de "Ópera de Cristal"...enfim, coincidências engraçadas...

2 comentários:

  1. olá

    Gostei muito do texto. Só achei (permite-me a opinião) que aquela expressão "a esperança não é nenhuma energia não renovável" é demasiado técnica e não cai lá muito bem no tom algo poético e docemente floral do diálogo. A menos que Fiorenzo seja cientista ou coisa que o valha, e esteja directamente ligado às questões da energia, não seria suposto que, numa conversa matinal e ternamente galanteadora, ele atirasse ao ar esse chavão das energias não renováveis. A criatividade é feita de ideias e é perfeitamente compreensível a contraposição entre o que é finito e a esperança (que deve obviamente ser perdurável até ao fim dos tempos). Mas muitas vezes o conteúdo colide com a forma, e há algo na nossa sensibilidade que nos diz que ali não há harmonia...
    Repara que isto é apenas uma opinião pessoal e muito pontual (posso até estar a dizer o maior disparate!?...). Eu gostei muito do texto e dou-te os parabéns. Ainda és muito "menina" e tens uma vida literária pela frente. Não pares.

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  2. Obrigada!
    Agradeço-te mesmo porque é através das criticas construtivas que aprendo e que posso moldar o que sinto e escrevo.
    Obrigada...

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